Juiz da Comarca de Porto Murtinho é homenageado por vereadores em Sessão Solene.
Na noite desta quinta-feira 05 de julho, a Câmara Municipal de vereadores prestou homenagem ao Juiz Cezar Fidel Volpi da comarca de Porto Murtinho.
Os vereadores fizeram a entrega do título de Honra ao Mérito ao Juiz pela sua dedicação, responsabilidade e, acima de tudo, humildade e comprometimento com a população murtinhense.
Nascido em Iporã (PR) e criado na cidade de Vilhena (RO), formou-se em Direito na Associação Vilhenense de Educação e Cultura (AVEC). Cursou apenas um ano de preparatório para juiz no Praetorium e, no período mais intenso, estudava seis horas diárias, de segunda a sexta-feira.
Cezar Fidel Volpi, da comarca de Porto Murtinho, que ingressou na magistratura de MS em janeiro de 2014. A convivência com o pai advogado influenciou-o na escolha pelo Direito. Ao concluir o curso em 2008 e já havia passado no exame da OAB, mas o sonho era concurso público.
“Após iniciar os estudos, passei a nutrir grande afeição pela magistratura em virtude das funções exercidas pelo juiz. Não tenho dúvidas que o Judiciário é o último reduto de proteção das pessoas e constitui-se, hodiernamente, em elemento de mudança social. O juiz devotado e preocupado em prestar um bom serviço ao jurisdicionado pode, sem dúvida, mudar para melhor a realidade de uma sociedade. Tudo isso me inspirou a ingressar na magistratura”.
Antes de ser juiz, advogou por um breve período com o pai. Foi também policial militar, o que proporcionou a ele experiências muito válidas para vida, e ocupou o cargo de Fiscal de Vigilância Sanitária Municipal. Judica na comarca de Porto Murtinho, porém atuou de maio a junho de 2014 em Iguatemi e de junho a setembro em Campo Grande no Tribunal do Júri, Vara de Família e de Violência Domésticas.
Trabalhar no interior é atuar nas áreas cível, criminal, familiar, juizados, eleitoral, enfim, é ser muitos em um só. Como é não ter vara específica? Será que o juiz estranhou trabalhar em comarca de Vara Única?
“Para mim, vem sendo um grande aprendizado, pois essa diversidade de matérias obriga o juiz a aprimorar seu conhecimento por meio do estudo e isso, sem dúvida, contribui para otimização da prestação jurisdicional. Além disso, a meu ver, o juiz em início de carreira deve titularizar uma vara com competência ampla, visando adquirir experiência, uma vez que nessas condições irá se deparar com as mais diversas situações”.
Entre a área cível e criminal, Cezar confessou preferência pela criminal pelas diversas teorias existentes, não restringindo seu estudo somente à lei. Mas será que tem algum projeto que desejaria executar na comarca de Porto Murtinho?
“Diversas propostas são desenvolvidas na comarca, por meio da destinação do dinheiro arrecadado com as penas alternativas. Pessoalmente, pretendo implementar um programa de inserção de crianças e adolescentes na prática esportiva, com acompanhamento do desempenho escolar, utilizando recursos provenientes das penas alternativas aplicadas”.
Porto Murtinho é uma comarca distante. Como é atuar em um local tão longe da Capital? Cezar não vê problema nisso. Conta que judicar e residir lá vêm sendo muito prazeroso.
“A receptividade e o carinho do povo murtinhense me surpreenderam. Tento retribuir com muito trabalho e dedicação, visando oferecer uma prestação jurisdicional com qualidade e mais célere. Quanto aos recursos materiais e humanos, percebo que o TJMS, nesse pouco mais de um ano que estou na comarca, proporciona meios necessários para o bom funcionamento do serviço jurisdicional, investindo em tecnologia, capacitação dos magistrados e servidores, e oferecendo suporte necessário aos juízes”.
No interior, o juiz é considerado autoridade máxima e deve ser muito difícil lidar com essa realidade porque o magistrado fica em evidência.
Para comentar, Cezar lembrou que uma das frases mais ouvidas quando se ingressa na carreira é que “a magistratura é um celibato”, sendo o juiz um servidor da sociedade.
“Hoje entendo o sentido dessa expressão. A judicatura exige muita dedicação, responsabilidade e, acima de tudo, humildade – principalmente quando seu exercício ocorre em pequenas cidades, em que o juiz é visto pelas pessoas como um modelo a ser seguido. De forma alguma essa situação me incomoda, pois tento conduzir minha vida fora do trabalho normalmente, realizando as tarefas comuns a todas as pessoas, como por exemplo, ir à academia ou a eventos sociais, até mesmo para desmitificar a ideia que muitas pessoas têm de que o juiz seja um ser “sobrenatural”, que fica recluso em seu gabinete”.